O que se diz não é o ser, é a fala. Me veem não sei o que é ver, não tenho noção de ver, mas algo muda por me veem. Será que não sou mais eu? Como saber o que era eu em mim? Nada sou no que vejo, no que me veem. O olhar é uma irrealidade que me supõe estar viva, como a irrealidade. A realidade morta é o meu amor, minha esperança. A consciência da vida é a minha morte, onde não há inconsciência no depois de mim. Nada muda na morte: apenas a inquietude da minha vida, torna-se alma. O que se diz não é o ser no silêncio da minha morte. Basta a resignação para morrer também comigo, sem nada pensar nada ser para morrer.