Blog da Liz de Sá Cavalcante

O sobreviver são os outros

O outro é o que não sei viver. Amo o outro só em mim. Amo o irreal como o ser. O irreal é o ser que necessito ser. O real é a ausência sem o ser. Faço-me ausência do nada. Quem se vê ausente no outro, nunca está perdido. O ser em mim é o real no irreal, do sobreviver dos outros. Sobreviver em mim é morrer. O eu é separado da morte. Morrer é a fé da realidade. Não há lugar na minha morte para o teu ser. Daria minha morte ao passado, para nada ser tendo sido. Nada sente a solidão de estar só: a solidão é o outro em mim, sem ser amada. A morte é a falta de esperar. O tempo sem o tempo não é só. Só é olhar o nada ver. Sou a realidade da vida no meu amor. Não existe amor sem vida, existe amor sem o ser. Não há vaidade em viver. Sofrer só é não sofrer. Morrer pertence ao nada. Não sou nada para morrer. Morri por não sobreviver. A morte não é leal ao fim: morri sem a morte.