Blog da Liz de Sá Cavalcante

Abstraindo a sombra

Em mi, a sombra se desfaz. Até mesmo o concreto abstrai a sombra de si. A sombra é negação do ser isolando. A negatividade, sou a alma da vida. A alma não tem espelho, é sombra, é solidão. A alma é retorno a mim, no céu de poesias. No sabor da vida, sentir o desgosto de viver. Longe do espelho, longe da alma, de mim. A aflição é escancarada sem espelhos, imagens a perturbar a vida. A vida não é digna de uma imagem. Nós a vemos, por uma idealização vazia: tem conteúdo. O conteúdo da alma é o nada. Visões do nada me fazem ver a vida com outros olhos, outra alma, outro amor. Escrever embala o amor, no nascer de Deus. A alma chora Deus. A distância é Deus em mim. A inexistência é a lucidez do nada, no meu não olhar. Um dia verei o nada como sou. Escrever é ser real em mim. A inexistência é uma alegria, não tem obstáculo é o meu ser eterno na beleza do fim.