Blog da Liz de Sá Cavalcante

O desaparecer da ausência

A ausência foi expulsa do desaparecer e desapareceu para aparecer sem presença, vida, alma. A ausência conhece meu corpo, minha alma, me deixa preparada para amar, no vazio. Ausência, diz meu nome, para sentir amor que possuo. Flutuo de amor. Tava feliz na ausência de mim: a ausência não precisa ser despertada, durmo na ausência para sonhar onde a ausência continua a mesma. Comigo, a ausência é útil, transforma a vida, o ser, com amor extremo. Não amo a ausência, respiro ausência onde a alma renasce como cinzas. As cinzas envelhecem o tempo e o tempo envelhece as cinzas neste amor de ninguém. O amor da continuação da vida fez do tempo o perdão da alma na minha ausência. A ausência é meu ser dentro de mim. Escrever é continuação da vida. Há tanta vida na solidão. O amor é universal: é amor simples, finito. O fim do amor é amor. Deixo o amor fluir como uma lágrima vinda de Deus. Eu vejo o meu olhar sem me ver. O amor não me deixa viver. Tristes as flores sem vida: na vida as flores preenchem meu olhar, na falta do meu olhar. O sonho sonha só. Não perdoar é sem vida: é tudo que conheço, que consigo sentir. Aceitar o amor no todo é mais difícil, para amar seus pedaços.