Desaparece com meu amor, para eu não o ver mais, para eu despertar ausente. A morte é suave: é o amor deslizando em mim, e eu nele. Os abraços que não dei são a vida. Afogando, respiro, desobstruindo a alma. Um anjo deformado, destruído de sol, é meu único abraço. Anjo da morte, você ainda pode viver: mesmo sem mim. Vida como se estivesse a me abraçar. A poesia é tão triste, que não soluça, a ausência soluça por ela: assim, a poesia se torna absoluta. O sofrer é a ausência do nada. O branco, se colorindo de lucidez, é o nada. Durmo na inconsciência do meu ser para despertar. O reflexo do amor é a alma no espelho. O sofrer do sofrer é a autonomia do ser. Ver pelo nada é tudo ver: é me ver com olhos de amor. Ver pelo nada é ver apenas a mim. Misturar-me com o nada é de um amor tão puro. É impossível ser mais feliz do que já sou. Misturando-me com o nada, vi a vida como nada, sendo maravilhosa. Estou doente de vida. Da vida. O amor é falta de ser.