Tive tantas mortes e estou aqui, dividindo o nada de mim com a vida, não para viver, mas que a vida me perceba, mesmo estando morta. O amor não faz viver, se a vida não me percebe: me ignora tanto, a amo cada vez mais. Não sei como é minha imaginação, mas as suas asas me protegem da vida. Por isso, dou vida a minha imaginação. Não sei imaginar sem mim. Minha imaginação sou eu em mim. Prefiro imaginar do que viver. O céu não desaba, eu o imagino com amor. O por enquanto tornou-se sempre, tornou-se céu. O céu se comunica no meu olhar. O céu me fala das minhas plenitudes, que são ausências que se refletem em mim, me fazem amar. Fico só, mas nunca sem o amor. Amo a ausência sem ser ausente. Pensar é ausência, é vida. Sem pensamento, não há ausência: há Deus. A ausência é não respirar. A vida não é o único respirar, há o respirar em Deus. Ao olhar para mim, sinto a falta de mim com amor. Até o que falta deixa de ser falta no abandono de mim. Divido-me em nadas que não sou. É melhor a morte perto do que longe. A morte longe, desconectada, existe no pensamento. O que a vida tem para dar é a ausência de si mesma: sua forma de dar amor.