Blog da Liz de Sá Cavalcante

Véu de lágrimas

Lágrimas escondem o meu ser da vida: fica apenas a tristeza. Isolar-me é o fim da minha tristeza, fim da minha vida. Não consigo me isolar completamente, então escrevo num fio de vida que me resta. Nada senti nesse ver em mim, por mim, como o meu interior, dentro do céu, que se abre para mim. O olhar é um pedaço do céu, esquecido por Deus. A falta de ver é a presença de Deus. Quem escreve? É o fim ou a falta de mim? O que vai ser do fim, sem a escrita? Se escrever é amor, sei escrever. O sonho é puro demais para ser escrito. Traduz-se amando. Seca, amor, me socorre, para a vida me inundar de vida. Sou apenas eu, sem você, vida: por isso, me conformo em ser só, como as estrelas do céu. Tem mais céu na minha tristeza do que em mim. O instante da lembrança é o céu. O momento da lembrança é a morte, a falta de lembrança, é a vida.