Blog da Liz de Sá Cavalcante

Intemporal (pertence a todos os tempos)

Meu amor é intemporal. O nada é a alma. A morte é a ilusão do fim. A alma é indiferente, não sabe o que é ter amor, saudade, vida. Adormecida para sempre, sinto a alma em sua inexistência que não é maior do que seu sono: é mais essencial que viver, que o sono. Sem ter fome, às vezes delira por mim. A alma precisa reagir, amar no que vivo. Não sei se amo no que vivo. Há um abismo entre mim e eu. Tudo comparo ao real, menos a inexistência: mais real do que a vida! Amar é sem sonhos. Amo a sonhar com o sonhar. Nada foi escrito pela vida, na vida. A vida é uma única página, sem nada escrito nela. Viver é sem palavras. Ignoro a existência do tempo, pois não me dá prazer. O tempo é falta de ousadia. É uma determinação que eu existo, apenas para o tempo. O tempo se foi em mim, mas o tempo ainda existe como uma rosa sem jardim. Como um ser da alma. Viver da alma é nascer da minha alma, não de mim. A alma é o sol para quem é triste. Eu sou triste por ter alma. Minha alma vai ser minha última poesia: o que não restou de mim.