O nada faz tudo para me agradar. O desamparo da alma fortalece o céu, é a essência do céu. O nada é o sonho do sonho, por toda a eternidade. É como o céu a chorar de amor na falta do mundo em mim. Eu sou o meu mundo, mesmo que seja irreal para os outros. O mundo de todos é um sonho solitário. Quando anoitece no meu pensamento, não consigo dormir. Dormir um pouco é o nada a alimentar-me, possuir-me, até deixar-me sem alma. Sugando minha essência, tenho forças para viver. A alma é uma força, substitui a realidade em um fio de vida. O nada se esforça para ser tudo para mim. O frio do nada é o meu calor. Nada na alma me esquenta ou faz frio. Uma fadiga de alegria veio despertar-me de mim. O sol que morre é o sol que nasce. Nascer é ser a alma do sol refletida em lágrimas. O sol é devagar, lento na alma. Dessa lentidão nasce o amanhecer, a florescer em mim. O amanhecer é um olhar distante da alma. Entra no meu olhar para ser a vida que jamais terei.