O céu na boca das palavras é perder os sonhos, despedindo-me de mim. Não sou meus próprios sonhos, meu próprio eu, mas ainda me sinto eu. O pensar em mim é tua ausência. A ausência é absoluta no mármore da ausência. Perdi-me na ausência. Pensei agora ser a presença de algo para a vida. Não há mais vida para esconder a minha ausência. De onde tirar a vida? Do desamor? Da morte, é claro. Não se preocupem com a minha morte: ela é Deus. Choveu amor na terra seca da chuva de amor. Um sopro de luz na morte do meu suspiro. Suspirar é solidão. Solidão perfuma a vida. A saudade é a realidade dentro da realidade. A luz não me deixa pensar, amar, viver. Eu nada sou sem a alma de um adeus. O absoluto é um adeus sem alma. Não há o que fazer com a alma. Ela age por mim. Agindo sem alma, o tempo é o universo. A alma nada faz por mim, no vazio de sempre, onde tudo falo com amor. Morte é recomeçar de onde parei. Dormir faz a alma sair de mim para ser ela mesma, ao menos nos meus sonhos. Sonhar dá consistência à realidade. Perder-me na realidade não é sonhar. Tudo sofro sem ausência. É como ver a luz. A luz é a presença mais especial, rara, que posso ter, deixando-me na escuridão.