Blog da Liz de Sá Cavalcante

Reclusão da alegria (Cativeiro, prisão)

Vida, vivo pelo seu olhar em uma reclusão do nada, da alegria. Não elaboro a alegria na vida, mas no nada, que resolve minha alegria na minha morte. Morte são cinzas do nada. Vida, me olhe, mesmo que eu nada signifique para você. Ver-te, vida, faz-me viver. Você, vida, vendo-me é a minha eternidade. Pela eternidade somos duas almas separadas: eu e a vida. Almas nunca se unem. Deixa minha vida vazar como a minha pele, que se abre expulsando meu corpo de mim. Sem mim meu corpo vive. O céu e o infinito são duas almas encontrando-se na morte do ser. Como unir a alma aos acontecimentos da vida no olhar? O olhar é o consolo de eu ser eu. Ao olhar sou o mundo inteiro. Sinto-me desconsolada de tanto amor.