O que há para amar em mim? A força de sofrer? Se a vida fosse apenas te ver viver, seria triste a falta de vida. O nada seria angústia, se a angústia vivesse na tristeza, a angústia não vive, não existe, mas, mesmo assim, a sinto em mim, ela vive em mim como um fantasma da minha morte, no qual os medos desaparecem. Eu manuseio as palavras para morrer. A morte é abominável por amar. É execrável a morte ter que amar. A liberdade da morte me fez não ver mais a morte. A morte é a sensação de viver. A vida cessa essa sensação de viver. O sol da alma é amor. Eu me amo quando perco os sentidos mesmo já morta. Morrer ama como a morte. A morte morre sem desistir da essência. Eu morri sem a minha essência, agora é essência de outro alguém. A essência perdida é a essência encontrada sem a minha liberdade de viver. Viver é lucidez aprisionada. A vida em mim é apenas o começo de mim. O som da minha voz é o fim da consciência, em outro som que não é voz, é desespero. As flores escapam de si mesmas, no amor, não são mais flores são amor. Voar, sonhar pertence ao meu coração, que são flores. Nada importa o bastante para dizer adeus, pois o amor que sinto é apenas meu, é apenas uma forma de te dizer adeus. Adeus no amor que sinto. Esse adeus é minha alma, que sente sem palavras, me diz tudo que necessito ouvir sem palavras. A única coisa que me desperta é um som sem palavras, por isso tenho medo da plenitude do vento: é como se eu fosse livre para não sentir. Vida, sinta por mim, para eu se apenas o vento, o sol, a tempestade de você. Apenas assim posso ir além da minha voz e te compreender, vida, por não me amar. Vida, você não é meu nascer, não é o meu fim. Preencheu meu nada, fez da esperança apenas o cessar do nada. Conte comigo para o que precisar, me devolva ao nada, a mim.