Blog da Liz de Sá Cavalcante

O inesperado

Ver a vida pelo infinito é uma inesperada alegria, me torna eu em mim. Essa incerteza de sentir me faz feliz, tudo é tão novo por ser antigo. Eu sou feliz ou me encontro feliz? As palavras cantam o meu amor. Nada se revela sem alegria. Desejo é o fim da alegria, retorna ao amor. O amor é a alegria impossível de se ter: sou feliz por viver. Mesmo sem mim, sou feliz, eu não me importo comigo, apenas a minha alegria importa, e transforma o silêncio do amanhecer, numa canção onde a minha alegria amanhece eternamente, por isso tem fim. Farei do fim da alegria uma nova alegria, onde não importa o céu, a vida, a morte, o amor: importa ser feliz. A alegria não é uma esperança, é real, mais absoluta que o céu. A alegria é o ser dentro de mim. As lembranças não são felizes, tudo é feliz, não é preciso lembrar de ser feliz: é a essência da alma a alegria. A alegria está até nas minhas ausências. Não há ausências no mar, ele é triste. A tristeza é como lembrar do que não existe. A alma é o continuar da alegria, mesmo sem mim. O continuar da alegria é a presença da alma no nada agonizante da tristeza, amando feliz. O nada era feliz sendo nada. Agora é refém de uma alegria nossa. Tudo é de todos no amor. A alegria se cansa de ser feliz, sente vazio de nunca ser triste, enlouquece-a alegria, não percebe que precisamos dela para amar. Como sinto falta de ser feliz agora. A alegria não se refaz, nós a tomamos tanto para nós a tomamos tanto para nós mesmos, que ela não sabe ser ela mesma. Ao escrever, sinto meu corpo, sou quase feliz. Se a alegria me tomasse dentro de si, se ela tivesse forças para eu não a esquecer, para eu senti-la, ainda adiantaria ser feliz? Quando quero viver, eu escrevo: único momento em que me sinto viva, brigando com a falta do corpo, eu o sinto, mesmo sem ter um corpo, talvez, isso seja ser feliz! Sou apenas essa alegria em mim, se eu não fosse feliz, nada seria.