Blog da Liz de Sá Cavalcante

A vida é o segredo da alma

Sem as lembranças, não há alma nos meus lábios para pronunciar vida, na ausência sem voz. A voz é por onde a alma é incompreendida. Compreender é ausência na alma. Saber escrever é saber sentir. Montanhas não conseguem me escalar. O meu olhar me devora. A realidade e o sonho são a mesma coisa, no meu sorrir. Algo houve no sonho que não sonha. Nada na perfeição é perfeito, por isso é maravilhoso, sem imperfeições. Sorrir torna tudo como tem que ser. Sorrir é como viver. A lembrança é ausência feliz, onde não há saudade. Saudade é o meu corpo em mim. Tive sonhos de saudade: não me sinto só, me senti sem mim. Se eu me sentisse em mim, o que mudaria? A minha presença é como um sol que desenha a alma na areia do tempo, e feliz. O vento desmancha a alma, em castelos de areia. O tempo sofre de alma. Minha alma torna o nada divino. Sofrer é um sonho. O meu corpo é a minha ilusão de viver. Viver uma ilusão é pior que morrer. Ainda estou aqui na minha ilusão: única lembrança que tenho de mim. Nada lembrar é a eternidade da flor, sendo o seu próprio jardim. Apenas assim há silêncio na alma. Espero em silêncio por mim. Meu ser não está no teu silêncio. A distância é a falta de sonhar. A dor machuca o nada, o salva de si mesmo. Enterneci na morte, onde estão os meus sonhos. Para que sonhar se há a morte? Não sonho mais. Escrevo para suprir preencher a falta de um sonho, com um sonho. O segredo da vida, da alma, cessa com suas mortes. Foi quando eu percebi: preciso sonhar para viver e amar.