Descanso na sombra da minha morte. Respirar é não esconder a morte, vivendo. Viver é morrer sem dor. Vivi demais a ausência, a falta de tudo, quero saber o que é existir as coisas, a vida. Sei pelo amor sentido por mim, sei pela minha vontade de viver, que é mais do que a vida, do que o sol gritante, a querer ser vida, em seu desespero. Estou sentida pela fragilidade do sol, para nascer sua luz. O amanhecer, o sol, traz insegurança para sua luz. Estou triste como o desabrochar de uma flor. Perceber a inexistência, é ser feliz. Tão feliz quanto o mar a se bater nas pedras. E, assim, o sol se inunda de fé. Lágrimas cessam o silenciar da alma para as palavras falarem. Silêncio não é ausência, é uma paz que muda de alma, como quem muda de silêncio. A incredulidade do silêncio é amor nos poros da alma. Há tanto a me dar a alma, abandono meus sonhos por sonhar. Sonhar é estar comigo, assim como o vento descansa na vida. A morte, exausta sem o vento, sem o sol. Morte também precisa de sol, vento. Mesmo sem a vida, o sol pode existir. A sombra é apenas impressão vazia de morrer. Mas, se eu entrar dentro da minha sombra, serei eterna, como a escuridão que se apaga no universo, que se acende em vão. O universo é refém da minha sombra, me domina. Não sou a causa do universo, isso me faz perder minha sombra.