Blog da Liz de Sá Cavalcante

Incandescente (excitação)

Nada de excitação em viver no incandescente da alma. A alma é mornidão. Cada palavra é luz da alma. A excitação de ver não é ver, é luz. A luz eleva a alma em sua presença. A luz eleva a alma para a alma morrer. Morrem juntas, alma e luz, em uma poesia eterna. Poesia que é alma da alma, luz da luz. No eu sem mim, a saudade poética de viver precisa de mim. Em mim, saudade não é poesia. Tento fazer da saudade, uma poesia que me torne eu. Eu para a poesia. A luz é a presença de depois. Tudo torna a viver pela luz. Pensar sem luz é abandonar o céu. A luz se confunde com o olhar, pela neutralidade. A alma admira meu olhar, o contempla diante do meu amor. O interior é conquistado com o tempo, inessência do real. O que não penso, sou? Invento vidas que não existem. Não amo a vida, não quero que isso seja o seu fim, quero tentar amar a vida: sei que vou sofrer por isso. Descanso meu pensamento no teu pensamento, meu ar no teu ar, meu amor no teu amor. Mas é amor me abandonar na minha solidão? Não me deixe assim, senão não produzo, anestesiada de dor, meu amor, desaparece junto contigo. Como um sonho. Eu posso tudo no sonho, nele pode tomar a minha vida. Chorar sonhando é um sonho de sol, amarrotado de tanto eu escrever nele. Meu único sonho é viver um pouco. Assim como o sonho consegue viver.