O tempo da alma é o ser. O tempo da vida é a insegurança do tempo da alma. A falta do tempo é compreensão. Fazer do tempo alma é o meu fim, fim do amor. Quando o amor acabar, ficarei completamente em mim, no que me faz amar: a solidão. Ser só é um abraço eterno. A eternidade não tem a eternidade do meu abraço. A pele da eternidade em espasmos de vida. Proteger-me não é um espasmo, é um adeus. O sonho fortalece a vida. Quem existe no meu adeus? Meu adeus não é o teu adeus. O mundo existe para o adeus. O adeus do mundo é a percepção. Perceber é sem adeus, sem percepção. A vida se percebe em mim. Sou apenas o espelho da vida. Quando a vida se vê em mim, não se percebe em mim. Nada existe sem perceber a percepção. O existir é além do perceber. Perceber não é viver. Viver não e estar viva. Vivo sem a vida. Posso sair de mim sem a morte. A morte não me deixa sair de mim. O tempo me faz não gostar da vida, da morte, e amar o tempo, por ele ter partido. E, assim, o tempo permanece dividido, entre partir amando ou ficar.