A escrita abre a porta da vida, onde saio se quiser. Entrei para sempre. A vida está mais na escrita, do que na própria vida. Amanhecer na poesia é entregar-me a vida, abrindo-me num amor infinito: nasce da vida. A ausência é vida no meu amor. Estando ausente, não morri. Vou declinar na alma com meu sorrir. Meu sorrir é poesia, resolvendo as perdas. Vivi o meu sorrir, estou a sorrir na alma, como um sol que não se contém de alegria, de amor por mim mesma. Me descobri nesse amor que agora sinto tanto. Sou o outro em mim, no amor. O sol ilumina o meu amor, me deixa sofrer por ele. Sofrer deixa a alma leve, como se eu fosse morrer. Morrer não é destino. Penetrar em todas as almas é não desaparecer na morte. Sinto o ar na minha pele, sem saudade de morrer. Quando sinto falta de alma, falo com Deus, minha impotência e me sinto feliz. A falta de mundo me salva de morrer. Morri na sombra da minha ausência e, assim, me separei da morte, restou esse alheamento, a loucura dividida entre a minha morte e o nada. Ninguém pode ser a morte da morte. Preocupo-me com a morte como se fosse filha minha. Não há o que sofrer em mim, sou o próprio sofrer.