Blog da Liz de Sá Cavalcante

Preciso de mim

Algo ainda vive no sempre de mim: a necessidade que tenho de mim. Em mim, a eternidade é diferente do nada. A eternidade é um corpo a flutuar. Deixo a alma pela eternidade. A eternidade é a minha vida. Mais feliz do que qualquer alegria. A esperança é morte, alucinação. Não sei se te esqueci na esperança ou se a esperança me faz lembrar de você. Eu existo na minha esperança de viver. É pouco para ti, muito para mim. Nunca tinha amado sem amor, até começar a viver. Vou entrar no meu corpo, fazer do meu corpo o meu ser. Corpo é uma forma de me esquecer. O corpo é mais uma ausência, entre tantas. Tudo sofro, ausente como uma flor. Não tenho mais o que perder. Ausência nada fez pelo sol, pelas estrelas. Sou agradecida pelo sol de estrelas. Nada me separa das estrelas do céu, eu amo estrelas. A estrela do olhar é o mundo. Saboreio estrelas no olhar. A consciência do nada é consciência eterna. Nada se vê na consciência, vejo apenas o teu olhar em meio ao nada. Eu me fiz viver como um pássaro sem asas. Pensei que pelo olhar eu te reconheceria. Dormir é a eternidade do meu olhar no teu. Minha ausência necessita mais de mim do que eu. Sou tua ausência, teu esquecer. A morte é consciência da consciência, como um mar sem margem. Fiz da ausência uma canção fácil de cantar, de sofrer. Não me espere a cantar. Canto pela inexistência da minha voz. Me perdi nas palavras ao sonhar com elas. Não sei mais o que é palavra, sonho ou ser. Mesmo assim, retornei à realidade da presença. Presença, seja a minha presença. Presença é te perder perto do que sinto.