Blog da Liz de Sá Cavalcante

Decepção

O amor, decepção eterna, como se a decepção fosse o último momento entre nós: perder foi o último momento para poder renovar a vida, a tristeza, no mar. O mar é a beleza do céu. Tudo no céu é mar, que me evolui no amor que sinto. Nada mais quero da vida, quero apenas o mar em mim, nada mais me faltará. Tenho tudo, tenho o mar. Sou privilegiada, o mar distante é o que está perto de mim, respira por mim, onde não posso deixar de ser eu. Agora consigo chorar por mim, com lágrimas de mar. Sonhos impossíveis são possíveis, eu sou um sonho impossível, que se tornou possível, como se fosse eu a única luz no céu, a povoar minha solidão. Recebi o céu de corpo, alma, feliz, por ele me deixar viver um pouco mais a cada dia. Se eu morrer, que a sombra da minha ausência me cubra com meu desejo de viver. Queria que o céu soubesse que sempre fui dele, em poesias. Não vou sair de dentro de mim nem mesmo morta. E o sol se fez para mim, não tenho mais medo de morrer, mas insisto no quanto quero viver, como o sol, o mar, até ter o infinito em mim para morrer, numa aceitação infinita de mim. Se eu viver, darei o meu melhor, serei como o sol, a cuidar das ondas do mar. Não serei mais só, quem tem vida em si nunca morre, se encanta.