Falar o inexistente da minha alma é como transcender no medo de viver. Mas não deixo de falar, existir para as palavras, que podem ser não ditas, mas existem no nada de mim. Não faça nada por mim, nada sinto. Estou anestesiada sem um fio de solidão, de amor. A voz cessou, não sei se existe amor sem voz, queria ao menos falar de amor, nem que seja para mim mesma. Minha voz está inviolável, lacrada na dor, no sofrer. Mas, uma vez, vou morrer para não ser tua morte, para você me perceber. Mas não se percebe morrer sem voz. Coisas do amor? Sei que falar de ti se desconectou de mim, como lua em flor. Talvez um dia consiga falar ao menos para mim, e lembrarei que amei e fui amada um dia. Amada no silêncio, mas era amor. Não me esqueço do som da minha fala: é amor, poesia, tornando mais raro, mais denso o ar.