Blog da Liz de Sá Cavalcante

A alma da solidão

Perto do meu corpo, sinto a alma da solidão, como arte no meu corpo. O corpo não pode ser tudo para a vida. Não há sofrer na verdade de viver. Tenho de ser eu, apenas de mim. A necessidade que o outro tem de ser nada para mim não é só. Por não ser só, não é mais necessidade, é amor, não por mim, é o seu amor, por você mesma! A verdade de nada ser é sem a alma da solidão. A alma é apenas um pouco do nada que sou. O nada sendo nada cessa o bom da vida nas maravilhas do nada. O nada vai lembrar de mim, vou ser feliz. A alegria é salva em mim e perdida para a vida. O nada é uma alegria pura. Não existe ninguém que seja melhor do que o amor, do que a vida. Quando o ser se torna uma coisa, nem objeto posso ser, me vejo nos objetos, não consigo ser um objeto. Sou uma coisa feita do esquecimento dos outros. Levar comigo esse esquecimento é como se eu estivesse viva, estou viva na minha esperança. Sou uma coisa, nunca poderia ser um ser. As rosas do esquecimento perfumam mais as coisas que a vida. O que resta do perfume é a morte com cheiro de vida. Dentro do ser já existia, ainda existe, a essência de morrer que impregna as lembranças de ser, a lembrança é o fim do ser.