Nada me faz viver, por isso, meu abraço é de amor. Por isso, o meu abraço é de vida. A alma é um instante vazio, que se perde no inútil tempo, pelo tempo captar a alma, é que ele é inútil. Alma é o cessar do tempo para nascer o universo. Nada me faz viver, por isso, vivo. Vivo como se eu pertencesse aquele instante, de pura alma. Queria tê-lo não concretamente, eu preciso desse instante em sonhos, mas ele se concretizou. E eu devo ao sonho, a minha realidade extremada. Escrever dá vida ao sonho. Em vez de sonhar, escrevo. Para escrever com alma, preciso abandonar a solidão. A solidão não é alma. O amor me impede de sentir a alma. O silêncio é a alma do ser, as palavras são a alma do nada. Sem meu ser tenho alma. Não há o que escrever nas palavras, elas já foram escritas, no tempo da minha inexistência, por Deus. A alma e a inexistência de Deus? O que faço eu na inexistência de Deus? Vou amá-lo ainda mais. Não sei onde vai. Sei que não está comigo, vida, mas a minha proximidade com Deus nos une. O sol não caminha, mas está vivo. O sol caminha na alma.