Blog da Liz de Sá Cavalcante

Escutar

Vida é canção que não se escuta, se escutasse não seria vida. Escutar é a irrealidade da alma. Eu escuto o infinito no irreal. Meus sonhos são reais como a irrealidade. Surpreenda-me com minha morte, onde escuto sem medo. Às vezes é reconfortante ouvir o nada sem morte, às vezes eu necessito ouvir a morte, é agonizante o silêncio da vida: é como se não houvesse perdas para a sonoridade do meu amor. Escuto o silêncio sem desmaiar. A vertigem é para não esquecer a vida. A vertigem é a vida. Não há vida no vazio. Espero não esperar: isso é sonho no sonhar. Escute minhas mãos na poesia e nunca mais vida necessitará de amor. As mãos deságuam em sons de eternidade, esvaziando o som do silêncio. Apenas minhas mãos podem romper o silêncio sem paz.