Coração aberto no nada para não amar: este é o momento do nada. Momentos são eternidades que ficam dentro de mim. A eternidade não me faz esquecer da vida, me faz esquecer de mim. A ausência é o único mundo que não foi esquecido. O céu é um mundo sem lembranças. Lembrar, esquecer, é a mesma vida em mim. Esquecer é amor? O amor para o esquecer é o vazio sendo lembrança. Superei a transcendência. Meu corpo é transcendência do nada. A falta do corpo é a realidade em vida. O céu repartido em mortes, em vidas, tem o respeito do amor. É importante ceder ao céu, o que foi dividido sem o ter dividido com esforço. O sentir não se diz, sem a presença do céu, razão de eu falar. Falar é culpa da morte. Um momento para o nada cessa a vida, me faz viver. Não existe um ser que fala: mas a fala existe pelo ser. No ser, a vida é vazia, como palavra preenchida pela convivência com a imaginação, como se eu pudesse libertar o amor de mim.