Blog da Liz de Sá Cavalcante

Monólogo

Não sei como me sinto, por isso, converso comigo, o que não sei dizer: eu mesma. As palavras são as minhas atitudes. A realidade cria coisas inexistentes, como a poesia, que avança no mar da existência. Sonho com a vida. Nada aparece na vida. Converso como se me escutasse. Falar comigo me mantém viva. Nada pareço ser, por isso me pareço comigo. No aparecer não existe ser, no invisível a alma existe. Tudo se mostra para a realidade para a realidade ser luz da luz que cobre meu corpo de amor. Suspende a luz por dentro, dentro do meu corpo, para eu ser apenas corpo. O corpo não morre, torna-se fé. As palavras se soltam do meu respirar. São o pulmão do mundo. Falo e assim aprendo a viver. O nada não muda, se transforma como céu. O céu das lembranças são vidas na vida de Deus. Meu corpo não pode ser poesia. Fica comigo, morte, distante de tudo, que sou para você. Pense em nós duas: pense no que poderemos compartilhar sem a vida. Protegi a vida ao morrer. Morri no teu corpo: não há mais solidão.