Blog da Liz de Sá Cavalcante

Não preciso de mim para viver

Envolvi-me no nada para ter vida, sem o arrepio de viver. Viver é um nada sem envolvimento nenhum comigo, quero o nada puro, cristalino. Viver é a superficialidade do nada, no eterno. A eternidade é o céu no nada, no haver céu. Aprender a sorrir sem deixar o céu pela vida. O nada tem retorno, conquistas, queria ver o nada pelo nada. Como nada. Sorrir é se deixar abalar com ou sem o nada. O que o nada fez de mim? Não sei, talvez ninguém saiba. Sei que fiz do nada a minha ausência derretida nas minhas lágrimas. Solidão é te ver e nada sentir. Sou a luz da vida ao escrever. Por que a vida precisa de luz para se inspirar no ser? O que me falta para ser escuridão? O que é a escuridão ao te ver? Palavras necessitam ficar adormecidas dentro de mim, e despertar com a minha morte. Sofro calada que já morri em palavras. Palavras me tiram a alma. A alegria de estar nas palavras é o retorno da alma. Em mim, a alma pode ser apenas palavras. Deixo a alma linda com palavras que me fazem viver, sem poder viver. Amo o tempo partindo, sei que não volta: vou criar meu próprio tempo. A ausência diz tudo, é a palavra que falta para completar a minha vida. Enfim, eu!