A vida me escreve sem a escrita. Desvendo o nada pela solidão, assim não sou só, descubro eu em mim pela solidão. Uma solidão sem a solidão das palavras. O início da morte é o não ser, o fim da morte é o ser, sem o isolamento das palavras. O ser, sem palavras, é ele mesmo. A alma é inexpressividade do ser, se torna o espírito das almas. O ser para o ser não é mais nada, não encontra as palavras para viver. A única certeza do tempo não ter partido é a inexpressividade, que encanta o partir, que não se aprisiona em mim. O meu ser ainda não é ser, mas a essência, me fez ser. Não sei o que a ausência quer com a presença do ser, talvez queira morrer, na presença do ser. Escrever, sendo presença, é ausência. A morte lembrança eterna, onde tudo flui, como se eu soubesse morrer, viver. Escrevendo, não sinto falta da vida, da morte, não sinto falta de mim.