Blog da Liz de Sá Cavalcante

Veemência (obstinação)

A alma é a obstinação da vida. O céu é a determinação da morte. A morte é a segurança interior. Erguer o sol do sol para a lua deitar na vida, para a vida se pôr de pé, sem obstinação. A beleza da lua é o dia, é o não nascer. Nascer sem lua é a falta, o desejo. É o saber espontâneo do nada, que desafia a morte, as estrelas. O ausente é o sol sem nuvens. O sofrer não é só. A estrela, mágoa do céu a disfarçar o vazio. Meu ser somente beira a morte para me distanciar de mim. Por mais distante que eu seja de mim, ainda sou eu. Eu não sou apenas por não ser você. Toda a vida é essa distância de mim distante, é estar perto da alma. Vejo-me na morte. Não me vejo viva. Vejo-me além do universo. Onde não há infinito, há amor noutro infinito: o da solidão, onde não há fim, tudo é início do nada, num voar eterno da eternidade.