Blog da Liz de Sá Cavalcante

O desesperar do silêncio

O silêncio é o sol a despertar o vento. O mar morre em palavras sonolentas e faz a noite adormecer no permanecer da poesia. A desilusão é o sol que se prolonga na verdade da vida, amanhece só, como se espera viver. O interior não tem alma, é o silêncio de sempre, se acomoda em mim, num suspiro, que a morte não alcança. Vejo a morte pelo meu sentir. Caminho em nuvens firmes aos meus pés. Não lembro de voltar a mim, o corpo quer regressar, a alma, quer ficar em mim, no transcender do nada, sem vida. Pela alma escuto o céu. Interdito a vida sem o irregular da alma. Retira de mim a alma, o amor sem alma, inexistente, me preenche, como se eu tocasse com minha alma, a minha solidão. Solidão flui como mar, arrebenta almas, corações, o amor. O amor, única maneira de ficar só com minha solidão, onde sou por mim, sem mim, sem nem a solidão para não desabar. Quero me manter. Sem ar, me mantenho, ainda sou eu, a perfumar o ar, a tombar no respirar quando necessito falar de amor. O silêncio faz eu me calar de morte, sem o desesperar do silêncio. Desesperar é o silêncio a me escutar com palavras.