A invisibilidade é o amor. Transpassa o olhar essa invisibilidade. O ar do espírito é o ar do amor. Alma, liberdade do ser, sem amor, sem vida, apenas é este ficar na exatidão do infinito. Sem sentir o nada, não posso sentir amor. A inexatidão do fim, e em nada meu ser ficar, e, mesmo assim, permanecer. Permanecer sem ficar é eternidade que se mistura com o infinito, e assim nasce a saudade. Saudade que existia em sonhos de saudade, se tornaram perdas, vazios, tristezas. Nada pode mudar um fim, apenas a saudade modifica o fim: transforma-o em morte, morte que antes era apenas o infinito. Antes da morte, havia o fim. Essas idas e vindas de lugar nenhum são a alma. Alma que se perde no horizonte do céu. Alma que se perde no meu sofrer. Não me consola de mim. O mundo é livre do ser, meu ser tenta aprisioná-lo no meu ser. No meu sofrer. Não preciso do mundo para sofrer. O sofrer vai além do mundo. O sofrer é eterno. A morte é o alimento das palavras. Não há palavras ao vento. Palavras são a morte que afastam a morte da morte. O silêncio rói as palavras sem a morte e as absolve. Necessito sentir meu corpo nas palavras, seria como respirar. Escrevo sem ser uma poesia: para incorporar o vazio, o esquecer de mim. Meu ser para mim não é morrer! O amor morre nas cinzas de um estranho, não é mais estranho o amor. Olhar minha falta de imagem no espelho é inútil, vou morrer em uma imagem que não é a minha para ser eu.