O mundo é apenas poesia. Não consigo ver um outro mundo. Palavras são o sol, são as árvores, os rochedos, as montanhas, o vento, são o mundo. Dispersar o universo num mundo apenas meu é poesia. A poesia é a renúncia da estrela morta, desmaiada, para mim, bastam os sonhos, sendo ou não poesia, respiro sonhos como quem sabe, que se os sonhos não são poesias, um dia serão. Sei que escrevo e assim construo minha vida em busca de sonhos que não são sonhos: é apenas o luto da morte de uma estrela como se sua morte fosse a perda de todas as palavras. Por isso, não me perdoo por viver no silêncio do nada, como se eu já tivesse morrido. É pior que morrer: é a falta de mostrar quem sou para alguém. Quem sabe quem sou? O silêncio! Então não estou completamente só, me redimo de sofrer, não existindo para o outro. Mas e eu em mim? O céu brinca de ser, e o mundo se torna uma infinita poesia.