O nada é continuação da vida. A continuação da vida é sua compaixão. O que ressoa em mim é compaixão aflita: onde não há vida. A força da alma é a alma, o ser deixa a alma frágil, e o coração aberto para a vida. O último nascer do sol se fez vida. O sol se aflige por amanhecer. Por isso, eu não amanheço para escutar o amanhecer dentro da alma, onde o amanhecer não é eterno, como o desprezo da vida. Fazer da realidade é o cessar de toda realidade. A realidade é viver o contrário de mim. Na vida tudo é irreal, tudo é igual. Como ter um corpo no amor que sinto? O que significa ser eu perto de ti? Nunca sou feliz, perto de você, ao menos sou eu mesma. Vivo para esquecer. Esquecer não é me esquecer, é apenas um torpor, uma ausência. Essa é minha presença: um torpor sem alma. Estou embutida na alma. O torpor é compaixão pela vida. A presença é inevitável no torpor. O torpor aquece a alma, a traz de volta à alegria, que não é mais contida: é um torpor, uma despedida, o céu depois do céu, ainda sendo céu.