Vivo na insônia de ser, das palavras que não dormem, morrem, protegidas por uma vida em branco, nula. Sinto a falta de lembranças no meu amor. A simplicidade do abstrato era a vida que sonhei. Sonhar é falta do imaginar. Meu corpo não consegue ser amor. É preciso amor para descobrir a vida. Não nasci, apenas amo o nascer em mim, como se tivesse nascido. Não nasci, vivi sem ter nascido. Escrevo no simples de mim, no abstrato de mim, sem imagens, colori o abstrato de palavras. O melhor das palavras é o fim delas, não concluem a vida. Existência é falta de reconhecimento, de ausências, que torna a existência ausência. Não é impressão do amor, posso faltar a minha ausência. Esqueço o que me fez ausente, não esqueço a ausência, poesia da vida. O único caminho que se pode retornar é o da ausência. A ausência não pode se unir a outra ausência. O som do nada espanta a ausência. Não há saudade na saudade. A vida é para os que vivem e para os que morrem, essa é a dormência da alma. O vazio está ansioso por viver. A saudade fica para minha morte partir.