No amor, a essência é a mesma essência do eu, ela sou eu. Vivo no adeus da vida, sou imune ao adeus. O adeus vai existir quando eu não existir. O adeus é implícito, não tento definir o adeus em mim, na vida, no adeus. Sou leal ao amor, ele é implícito por existir. Escolher o adeus é escolher a mim. O adeus me ensinou a me escolher para viver. Uma vida pura de adeus é minha vida. É insubstituível. O perto está longe. Longe é o sentimento do sentimento. Deixar a lua ser o infinito é o fim do sol. O amor é fiel. O céu desvanece no amor, na fala, nos gestos, nas ausências, nas saudades feitas de céu. O mundo do céu, ausente do céu, me encanta. Palavras ao céu se lembram de mim. Quando sorrio, lembro de mim, pela falta que me faço. A minha falta de mim abraça a vida. Abraça a vida sem precisar ela me faltar. Estou a fugir da falta da falta de vida, da falta de amor: essa é minha lucidez. Vou partir do amor que é inexistente, ver se ainda sobrou vida para mim, em mim. Quero ao menos ressuscitar o amor perdido, como a te falar de estrelas. A pureza da alma é a vida. A mesma vida que faz a minha alma sofrer. Mas a alma não me faz sofrer, a vida não me faz sofrer. O céu não encanta a vida, o mundo. Mas encanta o nosso amor. Alma e eu somos um único amor: essa é a minha lealdade no amor que sinto dividi-lo com a minha alma, mesmo sendo um único amor. A realidade não é um corpo, uma alma é o agir do meu corpo, da minha alma sobre mim, que torna a realidade real. Somente perco a realidade para outra realidade.