Posso tirar a eternidade da eternidade, cessá-la para ser eterna, tão eterna como o meu fim. O corpo desaparece na alma: essa é a eternidade de ser. O momento de partir é quando me amo. Morrerei apenas se me amar, como eu amo minhas poesias. Amar é ser mortal como a chuva, o vento, o sol. Tudo cessa até o amor. Procuro a vida, onde não há vida, não quero encontrá-la. Deixo que o amor me deixe tão só, como eu era antes de tê-lo. Eternidade do fim é mágoa, pela realização da vida, pela falta que faz morrer. Apenas na desigualdade o certo e o errado aparecem como um resto de mundo. O mundo é o sol, o universo é o sol. Deixa o sol enfrentar a chuva, de amor, alegria. O mundo do olhar é a poesia. Saudade é uma forma de não ver a vida. A saudade nunca se realiza. Meu corpo é o defeito da minha alma. Deixa a eternidade ter fim, meu ser está comigo agora: na morte ou na vida. O essencial é que me aproximei de mim: foi como o sol, a vida, o mar, a eternidade.
