Blog da Liz de Sá Cavalcante

Como determinar o infinito

Não reconheço a morte no meu ser, a reconheço no que me falta para ser feliz. Reconheço-a sem o vazio infinito do vazio do amor. É mais forte do que eu: é como se eu estivesse a sonhar. Não há nada tão lindo, perfeito, quanto morrer. Tenho o vício de morrer internamente, já não me imagino viver. Já não me imagino sozinha, a viver, como se estivesse com medo da vida. Sinto medo da vida. A vida é uma poesia. Jamais poderia com uma poesia. Não sei como escrevo: é ausente de mim. Como resgatar a poesia, me resgatando também? A vida se move para eu não resgatar a poesia. Poesias tiram meus pensamentos do ar dos sonhos. Assim, viver é natural, não é triste. Sofrer me faz viver. Ao menos o sonho é de verdade, ele respira, vive. Os meus sonhos se determinam pelo infinito, que não existe na vida nem na poesia. Mas o que sinto é amor, é vida. O que sinto sou eu.