Blog da Liz de Sá Cavalcante

O que se diz pela vida?

Se minha alma, minha cor, se tornar visível, acreditarei que morri. O que se diz pela vida é esquecido numa fala de morte. A alegria desaparecida na visibilidade da alma tornou-se alma, tão invisível quanto o amor. Não dá para racionalizar a morte, ela vive no meu sentir. O exterior do ser é a vida, o interior do ser é a morte. Queria ter ao menos a ausência do seu amor. Deixaria toda minha alma, todo meu ser, na tua ausência. Mas a tua ausência é sem amor, sem ser, sem alma. Do abismo da fala nasce a realidade. Da realidade sem realidade, nasceu o amor. Sofri com a presença da alma. A ausência acabou com as faltas, mas deixou o vazio vivo, próximo. Melhor do que não amar, é amar ninguém, como se fosse alguém. A palavra fala sem mim, com o som da minha voz, no desapego do som do silêncio. A palavra fala com o meu coração, mas não tem o meu amor. Amar para lembrar e cada palavra, que é lembrança eterna no amor. Nada surgiu em palavras, é como se o comunicar, fosse um olhar distante da vida do olhar. Eu olhei para o meu olhar, fazendo-me olhar. Tornei meu olhar lúcido para sonhar o que se diz pela vida. O olhar expulsa toda lembrança que não se faça olhar. A morte é o olhar que falta em mim. Vou me fazendo ser, tornando-me imagem da morte, sem inexistência, apenas a morte. A morte sem a inexistência é como cultivar um jardim. Nada espera da inexistência, tudo idealizo na morte. O sonho é a inexistência da alma. Excluir a imagem do olhar é trazê-la para a visibilidade do amor.