Blog da Liz de Sá Cavalcante

Semelhança minha em poesia

Abstrair é ser. A abstração do meu espírito é minha semelhança com minha poesia. A palavra se sacrificando como sangue e alma não é poesia. Sozinha no sangue derretido é ter a vida apenas para mim. O espírito consome minha vida, me deixa com alma. Escrever é o que nasce do suspirar, é o que sofre na falta do amor. Se a verdade é negativa, o silêncio faz parte dessa verdade. Não é um regresso. O silêncio é o ser nele mesmo. As almas choram pelo silêncio, mas a morte do silêncio é a vida das almas, que criam um novo silêncio, excluem o ser desse silêncio. Mas o ser é o próprio silêncio que cessa o nada. Pode-se viver de silêncio interior, os sons esquecidos ainda são a alma de um passado: chama-se consciência. A consciência de ver é a alma a se despedir da vida. Nada do que eu possa ver é alma, mas se torna alma para mim. Minha semelhança com a poesia é o silêncio, o intervalo entre ser e não ser, concretiza a poesia. Nascer enquanto me pareço nascer. Revirei a alma do avesso para olhar a vida. A palavra é a poesia que restou a vida.