Blog da Liz de Sá Cavalcante

Entusiasmo

A luz na margem inocente do que se pode ver. O sonho sonha com a vida pelo que vê. Eu, sem nada ver, sou apenas real. Ver vai além da alma. O silêncio me impede de ver. É com entusiasmo que sonho ver. Ser para si mesmo afasta a alma de mim. Esse afastamento dura como o sol. Nenhuma conquista, nenhuma esperança para sobreviver à dor de viver. O amor é um sol depois do sol. A alma do sol me faz amá-lo mais do que sua luz. Sou a luz do sol em poesias. A vida, sendo apenas luz, vai além da vida, além do ser. O ser pode ser vida, que não está na luz. É cedo para a alma se dar ao sol, como uma forma de lembrar de mim. Tudo que dou nunca é perdido, se apropria de mim. O tempo pode ser qualquer lembrança distante do tempo individualizado. Não se pode fugir do tempo, o tempo se esconde de mim: se torna poesia. Tudo vai renascer, nos braços da inexistência. O não existir é o céu sem a inexistência. A existência é a imaginação do céu, estou viva na imaginação do céu. Da mesma forma que tudo morre sem existir.