Estou tensa, não consigo chorar, esvazio a dor sem chorar, morrendo calada, no silêncio de morte da ausência. A ausência sabe o que dizer a mim, prefere que eu morra, deixa de ser ausência com morte e se torna vida. Nem lembra de mim, do que sofri por ela. Dei a minha vida por ela, achando que assim eu seria eu. Nada desaparece na ausência, vi a luz da morte sendo presença na ausência, nunca será uma presença ausente. A alma da morte faz bem às outras almas: é como se o sol começasse a sorrir, mas é apenas a lembrança do antes. Não é a lembrança do amanhecer. O amor é o sol depois do sol. O amanhecer não pertence à vida, pertence aos sonhos. Toda esperança é o amanhecer. O amanhecer não sobrevive à realidade, mas sobrevive ao ser. O ser ama pelo amanhecer. Pelo amanhecer, o mundo, a vida, existem e, assim, há paz.