O existir é um momento difícil. Não há dificuldades em não viver. Prudência é um vazio que foi preenchido. Não irei viver o existir, mas me ofereço à vida para o que ela necessitar de mim. Quero que a vida consiga ser por mim o que nunca fui. Sou a vida da vida. O do ser é um abismo sem fim. O sonho se torna ilusão em mim, para não haver desilusão. A ilusão é a educação da alma para as coisas da vida o ser nasce da ilusão. O sofrer se preenche sem ilusão. O tempo quer alma. Rodopia sem ilusões. A ilusão: nada quer de mim. Abrir os olhos da alma, para o não ver em mim. A ilusão quer alegria. Cativo a ilusão em mim. Pode esconder minha morte de mim, não pode me esconder de mim. As paredes não escondem o silêncio, que ressoam como pedras. Pensar pedras pelo inconsciente das águas. O céu não espera por mim. O dizer, perda da essência, num falar infinito. Falo para existir. Perdas são costumes. Me ver é não sair de mim. Não sou apenas este sair de mim, sou o que permanece em ver, mas não sou eu o permanecer em ver. O amor foi abandonado por amar. A aparência não é um desejo: é o reconhecimento da falta de desejos. O não reconhecer é um desejo. Não tenho alma, dentro ou fora de mim: tenho prudência. Penso no vazio de ser. O vazio em cada estrela é determinação de ser, existir, mas não me faz esquecer meu vazio, com a triste esperança de te ver. Ver nada significa. Esperança é ficar. Ver é ver onde não permaneço. Algo em mim foi por permanecer. E se foi permanecendo. Não quero incomodar o vazio de ser. O vazio é todo o mar, toda a vida. Todo eu. O nada somente é nada no vazio. O vazio é indestrutível. Não é o vazio que destrói o ser: é a sua indestrutibilidade que é o fim do ser. O nada é bom ao seu lado, juntas. Sem o nada, minhas lágrimas sangram. Preciso chorar, não de palavras. Quem me ama eu sendo só? Veria o amor se ele me fizesse vê-lo, não quero ver nem mesmo o nada. Quero ser levada como um fim, que não consegue permanecer nem como fim. O fim é o que tanto espero sem esperar.