A vida se quebra na sua beleza de cristal. Recolher a vida dos escombros da sua morte, é lhe dar um fim. Sou criação da minha poesia. O céu ama como as minhas poesias amam. Poesias de céu, alma de aço. Desfolha os meus pensamentos, desvendando o nada de morrer. Não sei se existe o pensar, também não existe a falta do pensar, por isso, o nada cuida de mim. Se o pensar existisse seria capaz de desistir de nascer. Nascer é oposto ao pensar. Não conheço o meu amor, mas conheço o nascer do espírito da poesia. A morte floresce em lágrimas graves, penitentes, choram em mim, não chorei minha morte. Estava desenganada, destroçada, infeliz. A clareza: morrer me faz viver. A alegria destrói essa lucidez, tudo que a alegria quer é chorar. Chorar. Chorar no céu de uma alegria, chorar feliz. Resisto à lembrança de mim. Resisto para não chorar. Morte ama. O amor não se perturba em morrer e deixa sua morte ser em vão. Ver a vida não ajuda, me faz não parar de chorar, de desamor pela vida. Esse desamor era amor. A morte é suficiente para a ternura de se existir. Eu não amo a vida, mas não posso vivê-la. A morte é uma virtude, apenas ela une pedaços meus. Palavras se despedaçam, não se unem. Seus pedaços são a poesia. A essência é insignificante. O afastamento da alma é Deus em mim. Tenho Deus, não preciso de alma.