Blog da Liz de Sá Cavalcante

Enlanquecer (perder as forças)

Perdi minhas forças, depois de tanta força, para que a vida seja poesia, e o céu, a ausência de pensar. O grito ganha forças de alegria, amor. Como posso ter uma emoção tão grande e apenas escrever? A poesia está viva, já posso viver! O mundo não vive sem poesias. A poesia me faz estar sempre a nascer. Nascer acaba com o porém de uma poesia. Poesia é quando tudo pode cessar, continuo em mim. É como se eu fosse a poesia de alguém. A poesia não liberta, mas sonha comigo como ninguém sonhou. A poesia conhece até meu respirar, minhas ausências de sonhos. Respiro quando sonho e quando, paro de sonhar. Mas é como se existisse algo além da poesia. Falta alma no universo, não lhe falta poesia. Não há vontade, nem pertencimento, que se compare com uma poesia. A solidão de comida é morrer sem poesia, sem a beleza da solidão. Solidão é não saber como existir poeticamente, não saber o que sente, então, não sou só. Saudade é me esquecer, é querer ser só sem poesias. Apenas a poesia arranca essa saudade do céu e a transforma em amor. Mas esse amor é mais do que poesia, é minha identidade. Quero que minhas poesias se tornem suas. Onde está a poesia ficando em mim? É aterrador não escrever. Escrevo porque o instante existe, e a vida está incompleta, como se fosse o sol molhado de chuva. Nada força o sol a não existir. A alma escreve por mim: assim, me imagino na poesia. A poesia não é descartável como o tempo. Tudo se vive sem o tempo na poesia. Conquiste o mundo para conquistar a poesia. Nada se perde em forças, se perde em imaginação.