Blog da Liz de Sá Cavalcante

Vir a ser

Nada cessa no vir a ser. Nada é. Vir a ser é estranho, já sendo eu. Eu no vir a ser de mim mesma: é como se o céu tremesse nas minhas mãos de céu. Não é para a vida que a morte retorna, é para a sua alma. Sua alma ainda a quer. Deixo o querer ser apenas alma. Não existe alma sem a vontade. Nem mesmo a alma me faz ter vontade de algo. Mas o caderno é o transcender da alma. Cada palavra, uma expectativa de que a poesia mereça cada palavra escrita, cada proximidade de vida. Deixo-me levar em palavras de alma. Assim, a vida viverá em mim, como um sorriso. Sorrir para a alma que me falta e aproveitar a alma que possuo. Sinto falta da falta de sorrir, como se sorrir fosse um sonho. Quando sonho não sei se rio ou se choro. Desistir é sorrir para o nada, sendo feliz. Desistir é uma ilusão. Ou será desistir a realidade a me sorrir? Quanto falta da alma para ter realidade? A única realidade é o amor. Não consigo ser alma, apenas estou expandindo a minha imagem para o espelho, até o espelho me levar ao nada sem voz. A voz abafando o ar do espelho. Nuvens coloridas de céu, para os meus sonhos dormirem amor. Restam do sonho as lembranças, que vieram tão tarde que perderam sua existência em outro sonho. Sonhar se repete sem mim. Eu não repito sonhos, eles precisam ser únicos, como a saudade de te ter, vida. Não consigo ser presença de nada. Não posso reagir a minha presença, que é apenas a busca do outro. Deixo a vida me levar, senão eu me levo. Além do fim, o sol. Dormir é não ter reação.