Blog da Liz de Sá Cavalcante

Insensibilidade

Pela insensibilidade, abraço o céu com a imaginação, ele me abraça com amor. O que falta de vida no amor eu encontro na tristeza, tristeza infinita, é a vida. A sensibilidade atrapalha amar. A emoção de amar, não contenho em mim. Quero que a vida inteira saiba o quanto amo. Meu amor é sempre. Imaginar é saber. O imaginar vai além do conhecimento da vida, do céu, de mim. Quando imagino, é ter o conhecer, como se fosse meu. O conhecer é exterior a mim. Mas o interior é um desconhecer tão profundo que se torna essência. O conhecer é a superficialidade de ser. Nada se precisa conhecer quando se vive de verdade. A vida é o desconhecimento eterno. Eu conheço o desconhecer, mas não conheço o desconhecer da vida. A sensibilidade é como ter olhos de alma. Nada para ser na sensibilidade. Sensibilidade é não ser nada. A imagem desaparece para dar lugar a vida. Não adianta imaginar a imagem, ela não virá. Mas a imagem te serve para olhar, anterior à vida. Tudo há para se ver antes da vida. Na vida, nada existe. A imagem é fiel ao que aparece na imagem. A imagem não dissimula não pode ser outra coisa. O ser pode ser sem imagem, de tão insensível. Aparecer é não ter imagem, é um desaparecer, é aparecer no vazio.