Blog da Liz de Sá Cavalcante

Vidros de tristeza

Vidro de tristeza, no sol do amanhã, que se fez hoje. O telhado da emoção não sustenta os vidros de tristezas: minha emoção fica no céu aberto. Espero pelo céu em céu aberto. Não acredito mais na ilusão da vida. Desvencilhei-me do nada, acredito num vidro de tristeza, verdadeiro nada, por onde ver a vida é me identificar com ela. O vidro da tristeza é vida infinita. Pela estrela, brilho mais do que o sol: um convite para viver pela perfeição do nada, que dá luz às imperfeições da vida, com o nada de um sorriso, que diz sim à vida. Vida, foste minha alegria. Nasci como poesia. Morri como poesia. O amor existe no fim do infinito, para nascer no fim do amor. Eu me importo, amo o fim do amor. Nele, o vidro da tristeza transparece a saudade que não consigo sentir. Céu, não tire as estrelas do meu pensamento. Vidros são tristezas que se despedaçam para que eu possa morrer em vidros de vida, sem o calor da alma. Os caminhos do amor são descaminhos. O silêncio é não sentir tristeza. O silêncio é invisível como o olhar: sonha olhar o nada. Ver é não conhecer.