Blog da Liz de Sá Cavalcante

Pertencer sem a vida

Nada de me esconder, vou aparecer, mesmo sem a vida. O nunca vai nascer das entranhas pelo enclausuramento, sou do mundo sem o mundo. Mundo não é vida. Bebo a morte, pertencendo à vida. Abraços prolongam minha vida, abraços cessam, o amor fica. Corpos persistem, mesmo mortos. A consciência do corpo não morre: o que morre é a distância de Deus. Tudo que eu devia ser não sou mais, mas ainda tenho a presença de Deus em mim. Não posso matar meu sorrir, posso matar a mim. Os heróis da vida estão sozinhos na alma, mas não duvidam que exista vida, mas não se acham dignos de viver e, assim, encontram a si mesmos, sendo apenas alma. O corpo é incompatível com a alma. Não vou morrer pela alma, vou morrer pelos meus sonhos. Meus sonhos não sabem que existo. O segredo de ser é um sonho. Voltarei como um sonho, nos braços do nada. Carregarei o sonho com o sonho a me levar. Não há nada entre mim e a alma, estou só, como se pudesse pintar o céu. O céu pode ser de várias cores, a vida pode ser de várias maneiras. Reinvento-me em vidas desconhecidas, que podia ser a minha vida, mas é minha segunda vida. O que vivi hoje nunca acaba, está em mim. Mas o que morre em mim não continua, acaba, pois não está dentro de mim.