Abandonei-me na minha alegria para massacrar a minha alma. A alma foi ficando como um amor distante. Nada se chora no amor. Amor é a sinceridade do tempo agindo em mim. A alma é pesada de sentir como uma metade que não perdi. Foi arrancada com minha alma, para que eu escreva o infinito. Sem o infinito de meu amor, amaria o infinito com um adeus. O adeus é promessa de vida. Sem adeus, difícil continuar, não sei dizer adeus ao falar de adeus. O adeus não é para sempre em mim. Quando amo não existe adeus. As perdas, sem o buraco de mim, me procuram no amor perdido, que foi encontrado nas perdas como sendo o nada. Há nadas que não são perdas, são atitudes. Não tenho atitude na vida, mas tenho atitude nas perdas. Morri só, como se tivesse alma, para morrer só. Quem se atreveria a brincar com a alma? Perda é atitude. Para sonhar é preciso a verdade. Sonho sempre mais. É tão encantador morrer. A lua partiu na morte. A falta da lua me faz sonhar. Sonhos são luas partindo. A vida de cada um dá uma aparência à morte, a coragem de parecer, sem se parecer com nada. Eu fiz do infinito do meu olhar, a aparência da vida. O passado é a luz na falta no olhar. O infinito nasce e morre no meu olhar. O tempo falta do medo da ausência. Não se pode ir além no tempo, o além cessa o tempo com um olhar. Nada perdi em morrer. O tempo não me pertence. O tempo é a separação do ser no ser. Deixar de separar o ser no ser é morrer. Morrer para o céu se curvar no nada. Prostrando-se no nada. O tempo faz milagres. Deixa o tempo viver em mim.