Tudo que eu não viverei torna-se poesia. Poesia que vê além de mim. O sol derrete nas minhas mãos de solidão. O tempo se foi sem as lembranças. Nada do tempo é útil. O tempo sabe tanto que a vida se renuncia no tempo. O tempo é o vazio do ser. A eternidade é a concretude desse vazio. A falta é o tempo sem o vazio. O que perco em tempo ganho em amor. O sofrido consegue se dar sem o interior. Viajo em pensar. O pensar muda o ser, não a vida. O amor é falta que não se preenche nem com a morte. A aparência é o fim da morte, a aparecer a vida cria uma identidade. A lembrança de morrer aparece no que não posso ver. Ver é se incluir no nada das aparências. A lembrança não dura na aparência. Morrer é se dar a aparência. A vida não merece ser vida, pois tem uma aparência. O possível é sem aparência. Nada se inclui sozinho. Ser só é saber que existe vida.